Nessa quinta-feira, 4, poucos dias após o abalo sísmico que estremeceu o Chile , 32 brasileiros puderam, enfim, respirar mais tranquilos. Depois de sete horas de voo, em aeronave da Força Brasileira (FAB), eles desembarcaram na Base Aérea do Galeão (BAGL), no Rio de Janeiro, deixando para trás um cenário sombrio, bem diferente daquele que naturalmente se associa às terras chilenas. Na chegada, visivelmente abatidos e cansados, o sentimento de todos era um só: alívio.
O avião da Força Aérea Brasileira, um Hércules C-130, deixou o Brasil em direção ao Chile, ontem à tarde. A tripulação, composta por 32 militares da área de Saúde da Marinha, partiu com o objetivo bem definido de trazer à luz os brasileiros que estavam em meio à tempestade de efeitos amargos que acomete o Chile – consequência do tremor de magnitude 8,8, o quinto maior da história. Na aeronave, além da força humana, estavam também dez toneladas em estrutura para montar um Hospital de Campanha.
Para esses 32 brasileiros que estavam no Chile, o voo da FAB foi a volta para casa que esperavam. "A notícia de que teria o avião foi um alívio, já que estávamos sem ter onde ficar e até o que comer", dizem.
Para quem enfrentou o terremoto com a família, estar no Brasil é mais do que um alívio. Esse é o caso do Pastor José Vailton Bispo dos Santos, que estava no Chile a trabalho, acompanhado da esposa e das duas filhas. "É tudo muito assustador. Quando o tremor começou, o meu único pensamento era proteger as minhas filhas. Logo depois, fomos avisados que o aeroporto estava fechado. Assim, a única forma de voltar seria através de um avião da FAB, motivo pelo qual procurei a embaixada", afirma.
Deserto
A filha mais velha de José Vailton, Carmem Victória, de 12 anos descreve com exatidão os momentos vividos no Chile. "O desespero foi enorme até conseguir reencontrar meus pais. Estava muito escuro e não sabia o que fazer. A sensação é péssima. Depois que passamos por isso, percebemos como é bom estar em casa novamente", ressalta.
Essa é a segunda missão internacional importante que a FAB executa neste ano – a primeira foi a do Haiti, onde ainda há ação da Força. O Comandante da aeronave responsável pelo repatriamento dos 32 brasileiros que chegaram nessa quinta-feira, Tenente-Coronel Gilberto Peçanha Celso Filho, integrante do esquadrão da FAB 1º/1º GT, foi um dos militares que contribuíram na missão de ajuda ao Haiti e, agora, na do Chile. "É muito bom poder participar desse tipo de missão, levando ajuda às pessoas e contribuindo com o que for possível. Para mim, a sensação é de missão cumprida", disse.
Novas frentes
A aeronave C130, que pousou na manhã dessa quinta-feira na Base Aérea do Galeão, é a segunda que chega ao Rio de Janeiro trazendo repatriados, após o terremoto do Chile. A primeira delas pousou um pouco antes desse mesmo dia, às 6h30, e trouxe 76 passageiros – a segunda chegou às 11h. Está prevista, ainda para hoje, 4, a decolagem de mais duas aeronaves da FAB levando militares da Marinha ao Chile.